Crítica: Abraços Partidos

Os Abraços Menos Coloridos 
de Almodóvar

Por Fabricio Duque
(crítica alterada na revisitação em 08/08/2013)

Apresentado na Mostra Panorama do Festival do Rio 2009,  a nova película do diretor espanhol Pedro Almodóvar, "Os Abraços Partidos", representa a corroboração de um novo desejo do cineasta: a mudança pela experimentação. É sem dúvida muito diferente do que ele já fez. Mas em hipótese alguma é ruim e ou frágil. Conservando o melhor em sua filmografia, o roteiro é exatamente o que se objetiva transpassar. As cores perderam-se um pouco, mudando as características intrínsecas que definiram seus trabalhos como o Cinema Kitsch. Todos possuem a possibilidade da reinvenção e os espectadores, fãs adoradores e ou simples observadores, o dever da compreensão. Quanto à parte técnica, não há  contradições opinativas. Continua sendo não convencional e prendendo a atenção de quem assiste. Ãngulos de câmera bem trabalhados. Fotografia de Rodrigo Prieto e montagem de José Salcedo são espetaculares. Penélope Cruz está como sempre é nos filmes dele. Ainda bem. Muitos consideram que este não é o seu melhor filme, mas todos não têm dúvidas de que é imperdível. 

Não perca também "A Vereadora Antropófaga" (2009), curta-metragem retirado do filme "Abraços Partidos". É um monólogo de uma mulher narrando suas perversões sexuais. No filme, Almodóvar adota os pseudônimos "Harry 'Huracán' Caine" para assinar os créditos e "Mateo Blanco" para assinar a direção. No Brasil, o curta foi lançado como "extra" no DVD de Abraços Partidos.

Há 14 anos, o cineasta Mateo Blanco sofreu um trágico acidente de carro, no qual perdeu simultaneamente a visão e sua grande paixão, Lena. Sofrendo aparentemente de perda de memória, abandonou sua persona de cineasta e preservou apenas sua faceta de escritor, cujo pseudônimo é Harry Caine. Um dia, Diego, filho de sua antiga e fiel diretora de produção, sofre um acidente, e Harry vai ao seu socorro. Quando o jovem indaga Harry sobre seus dias de cineasta, o amargurado homem revela se lembrar de detalhes marcantes de sua vida e do acidente. Competição do Festival de Cannes 2009. 

O diretor

Pedro Almodóvar Caballero é um cineasta, ator e roteirista espanhol. Almodóvar nunca pôde estudar cinema, pois nem ele nem sua família tinham dinheiro para pagar seus estudos. Antes de dirigir filmes foi funcionário da companhia telefônica estatal, fez banda desenhada, ator de teatro avant-garde e cantor de uma banda de rock, da qual participava travestido. Foi o primeiro espanhol a ser indicado ao Oscar de melhor diretor. Homossexual assumido, seus filmes trazem a temática da sexualidade abordada de maneira sublime. Seu ano de nascimento é incerto, sendo por vezes divulgado como 1949 e outras vezes como 1951. A página oficial do cineasta, no entanto, afirma que nasceu na década de 1950.

Filmografia

A rodagem do filme, seu décimo sétimo, começou em finais de maio e finalizou no início de setembro de 2008.


2006 - Volver
2004 - Má Educação
2002 - Fale com Ela
1999 - Tudo Sobre Minha Mãe
1997 - Carne Trêmula
1995 - A Flor do Meu Segredo
1993 - Kika
1991 - De Salto Alto
1990 - Ata-me!
1988 - Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
1987 - A Lei do Desejo
1986 - Matador
1984 – O que eu fiz para merecer isso
1983 - Maus Hábitos
1982 - Labirinto de Paixões
1980 - Pepi, Luci, Bom e outras chicas del montón