Filme Socialismo

Ficha Técnica

Direção: Jean-luc Godard
Roteiro: Jean-luc Godard
Atores: Catherine Tanvier,christian Sinniger, Jean-marc Stehlé,patti Smith, Alain Badiou
Fotografia: Fabrice Aragno E Paul Grivas
Produção: Ruth Waldburger
Estúdio: Vega Film / Office Fédéral De La Culture / Tsr / Suissimage / Fondation Vaudoise / Fonds Regio Films / Canal + / Wild Bunch / La Ville De Genève
Distribuidora: Imovision
Site Oficial: http://www.filmsocialisme.com
Duração: 101 Minutos
País: França
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM


A opinião

“Filme Socialismo” é uma crítica real ao capitalismo, mostrado por elementos cotidianos. Apresenta-se como dois filmes. Uma parte ficção e outra misturando documentário. Inicia-se em navio, que realiza um cruzeiro, com diversidade de nacionalidades (pelas línguas utilizadas), aludindo a Torre de Babel. Tendo o alto-mar como simbolismo de que os únicos sobreviventes de um novo mundo são os que convivem em tempo presente com outros indivíduos. Entender o cinema de Jean-Luc Godard é necessário entender as ideias e argumentos que ele acredita. O diretor conserva o radicalismo politizado, repetindo discursos que podem ser considerados ultrapassados nos dias atuais. A crítica vem em forma de experimentações. Há a interação metalinguistica com imagens, sons, ruídos, músicas, fades temporais, o nada, o escuro, o vazio. Neste navio, o individualismo exacerbado expõe as rachaduras do modelo econômico da atualidade. O capitalismo gera a futilidade, o egocentrismo, a transformação dos indivíduos em animais, que convivem entre si. Neste mundo sob às águas, os personagens estão perdidos e são engolidos pela massificação do que se é natural hoje em dia. Em certo momento, eles precisam abandonar este meio de transporte. E assim, saem do casulo para explorar uma nova existência, conservando as lembranças do passado e as subjetividades intrínsecas.

Tornam-se a mesma coisa que eram. Não há mais a figura do outro ajudando o outro. Não há mais a possibilidade de se viver o socialismo solidário, que nada mais é, a utópica convivência com a diversidade alheia. Comportam-se como estranhos sociais, ovelhas seguindo um rebanho majoritário – sem o devido questionamento e a alienação que pulula o ser de cada um. Porém no meio de toda a mensagem pessimista de que não há salvação, eis que surgem ideias solitárias, tidas como idiotizadas e incompatíveis. Sofre-se a atualidade. Critica-se a que ponto um modelo econômico pode chegar. Viver o conformismo é a melhor maneira de não se preocupar social e politicamente. Em cada lugar que se passa o filme, há o preâmbulo explicativo. Guerras, marcas e culturas absorvidas. Ambienta-se o tédio dos instantes. Na segunda parte, o prólogo finaliza a desesperança. Os planos longos, vazios, ora verborrágicos, ora silenciosos, equilibram-se no limite tênue do cansaço da narrativa e da genialidade da obra. A fotografia extrapola e quebra os próprios elementos apresentados. A cena em que um garoto, figura da solução à burrice generalizada, pinta um quadro, com o que vê ao seu redor, é incrivelmente poética. O longa possui altos e baixos. São muitas referências a tudo e a todos. Cada cena quer dizer alguma coisa, até quando se apresentada chata e repetitiva, lenta e amadora. É fato não compreender totalmente o diretor, mas a experiência que se vive é única.

A Sinopse

Num cruzeiro pelo Mar Mediterrâneo, com personalidades como o filósofo francês Alain Badiou e a cantora americana Patti Smith a bordo, passageiros discutem sobre história, dinheiro e geometria. Longe dali, a família Martin, que mora num posto de gasolina, recebe a visita de uma jornalista e sua cinegrafista. As duas passam o dia à espera de uma entrevista com os pais, enquanto as crianças exigem deles explicações sobre Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Por último, um percurso por seis lugares mitológicos: Egito, Palestina, Odessa, Hellas, Nápoles e Barcelona. Seleção Oficial, Um Certo Olhar, Festival de Cannes 2010.

O Diretor

Jean-Luc Godard, nasceu em Paris, 3 de Dezembro de 1930, é um cineasta francês reconhecido por um cinema vanguardista e polêmico, que tomou como temas e assumiu como forma, de maneira ágil, original e quase sempre provocadora, os dilemas e perplexidades do século XX. Além disso, é também um dos principais nomes da "Nouvelle Vague".

Godard passou a infância e juventude na Suíça e depois estudou etnologia na Sorbonne. A partir de 1952 colaborou na revista Cahiers du Cinéma e, depois de vários curta-metragens, fez em 1959 seu primeiro filme longo, À bout de souffle (Acossado), em que adotou inovações narrativas e filmou com a câmera na mão, rompendo uma regra até então inviolável. Esse filme foi um dos primeiros da Nouvelle Vague, movimento que se propunha renovar a cinematografia francesa e revalorizava a direção, reabilitando o filme dito de autor.
Os filmes seguintes confirmaram Godard como um dos mais inventivos diretores da Nouvelle Vague: Vivre sa vie (1962; Viver a vida), Bande à part (1964), Alphaville (1965), Pierrot le fou (1965; O demônio das 11 horas), Deux ou trois choses que je sais d'elle (1966; Duas ou três coisas que eu sei dela), La Chinoise (1967; A chinesa) e Week-end (1968; Week-end à francesa). O cinema de Godard nessa fase caracteriza-se pela mobilidade da câmera, pelos demorados planos-seqüências, pela montagem descontínua, pela improvisação e pela tentativa de carregar cada imagem com valores e informações contraditórios.

Após o movimento estudantil de maio de 1968, Godard criou o grupo de cinema Dziga Vertov — assim chamado em homenagem a um cineasta russo de vanguarda — e voltou-se para o cinema político. Pravda (1969) trata da invasão soviética da Tchecoslováquia; Le vent d'Est (1969; Vento do Oriente), com roteiro do líder estudantil Daniel Cohn-Bendit, desmistifica o western e Jusqu'à la victoire (1970; Até a vitória) enfatiza a guerrilha palestina. Mais uma vez, Godard procurou inovar a estética cinematográfica com Passion (1982), reflexão sobre a pintura. Os filmes seguintes, como Prénom: Carmen (1983) e Je vous salue Marie (1984), provocaram polêmica e o último deles, irreverente em relação aos valores cristãos, esteve proibido no Brasil e em outros países.