Toy Story Trilogia

Ficha Técnica

Direção: Lee Unkrich
Roteiro: Michael Arndt
Elenco: Vozes de Tom Hanks, Michael Keaton, Joan Cusack, Tim Allen, John Ratzenberger, Wallace Shaw, Josi Benson, Ned Beatty, Don Rickles, Estelle Harris, Whoopi Goldberg, Richard Kind, Ned Beatty, John Morris
Gênero: Animação
Música: Randy Newman
Edição: Ken Schretzmann e Lee Unkrich
Produção: Darla K. Anderson
Distribuidora: Buena Vista
Estúdio: Walt Disney Pictures / Pixar Animation Studios
Duração: 113 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: MUITO BOM



Apresentando a Animação

A Pixar Animation Studios é uma empresa de animação por computação gráfica (pertencente a The Walt Disney Company), localizada em Emeryville, Califórnia. Desenvolveu o software de renderização padrão da indústria, o RenderMan, usado para geração de imagens de realismo fotográfico de alta qualidade. Os softwares trabalham em um modo de baixa resolução para poder mostrar uma visão prévia do resultado. Quando o projeto está concluído, ou em qualquer momento que se queira fazer uma aferição de qual será o resultado final, faz-se a "renderização" (converter uma série de símbolos gráficos num arquivo visual) do trabalho. É necessário, entre outras coisas, definir um tipo de textura para os objetos existentes, sua cor, transparência e reflexão, localizar um ou mais pontos de iluminação e um ponto de vista sob o qual os objetos serão visualizados. Ao renderizar, o programa calcula a perspectiva do plano, as sombras e a luz dos objetos. A companhia foi comprada por Steve Jobs (co-fundador da Apple Inc.) por US$10 milhões. A Pixar cuidava de todos os aspectos de produção enquanto a Disney cuida de todos os aspectos da distribuição. Em 1995, depois do lançamento de Toy Story, ambas as companhias assinaram um contrato de 10 anos ou 5 filmes na qual as duas companhias dividem os custos de produção e lucros. Desde 2006, as empresas fundiram-se, tendo Steve como o maior acionista individual.

Apresentando Toy Story

“Tudo é projetado, modelado, construído, filmado, como qualquer outro filme, só que, aqui, é virtualmente. Usamos as mesmas ferramentas, mas no computador. Então, arrumamos a locação, recebemos os atores, eles atuam”, diz a produtora Darla K. Anderson, que complementa “Tivemos muitas emoções, é muito pessoal para nós. Há oito anos, ninguém sabia se Toy Story daria certo ou que daria início a um segmento. A Pixar não existiria sem o filme. Quando começamos, devia haver umas 50 pessoas. Agora, tem 1,2 mil, no mínimo”. A animação marcou uma nova fase por transformar o roteiro tradicional dos filmes da Disney. Antes, a pureza e a fantasia prevaleciam. Hoje, os diálogos – e ações - perspicazes, de cotidiano e com quebra da carga sentimental de efeito ganharam espaço, chegando mais próximo à linguagem realista, humanizando personagens e convertendo simbolismos em imagens. Chamava atenção também o uso de marcas licenciadas de brinquedos, especialmente clássicos dos anos 80 como o Cabeça de Batata, Army Men, Traço Mágico e até a Barbie. As referências ao mundo pop e contemporâneo não ficaram de fora. Há de “2001 – uma odisséia no espaço” (de Stanley Kubrick) a “Guerra nas estrelas”. É conhecido por ser o primeiro longa metragem dos estúdios Pixar e também o primeiro da história totalmente feito por computação gráfica.

Toy Story – Um Mundo de Aventuras (1995)

O universo infantil de memórias é diretriz à trama que se deseja transpassar. Os brinquedos sabem de suas funções “profissionais”, que é a de estar disponível e presente sempre que a criança precisar (brincar). Eles foram criados com esse objetivo. Aos olhos dos pequenos, eles estão vivos. Sozinhos, permanecem animados, vivenciando o próprio mundo o qual convivem. “Olha, sou um Picasso”, “Não entendi”, “Sai daí seu sem cultura”, um dos diálogos iniciais que demonstram a inteligência do roteiro. É um filme para crianças espertas, quase na mesma linha da linguagem dos adultos. Estes revivem o passado puro e divertido. Os outros experimentam aventuras e mistérios. Andy é o garoto “dono” desses seres personificados. As angústias e os anseios deles são reais. A cada ano, sofrem com o aniversário e o Natal. O medo da substituição por um brinquedo melhor torna-se humano e plausível. O longa aborda os valores intrínsecos e necessários ao crescimento positivo do próprio ser. A amizade é o principio social mais importante.

A fidelidade também. “Um bom soldado nunca deixa outro para atrás”, diz-se. O ensinamento realista funciona como extensão da criação dos pais. Há crítica ao mal e ao errado, mas sem o clichê da chamar a atenção todo instante. Um novo brinquedo, uma “ameaça” é introduzida. O “Patrulheiro espacial” Buzz Lightyear, que acredita na condição que se encontra. “Ao infinito e além”, reitera-se. A chegada causa ciúmes em Woody, um caubói, que se considera o preferido de seu “dono”. A ingenuidade o faz acarretar aventuras e reviravoltas, precisando vence-las a fim de consertar o erro e crescer como pessoa. Os sentimentos são os mesmos para todos: humanos e brinquedos. Quando a decepção acontece, o estágio depressivo é gerado. Eles precisam transpassar limitações para que assim possam ajudar mutuamente. Protegem-se pelo carinho e pela culpa. Estreia de John Lasseter como diretor. Cada frame levou de 4 a 13 horas para ser feito, dependendo da complexidade da cena em questão. Orçamento estimado de US$ 30 milhões.



Toy Story 2

A continuação (1999) inicia-se dentro de um jogo de computador de Andy, o garotinho “dono” dos brinquedos, jogado pelo dinossauro que deseja vencer o arqui-inimigo de Buzz, Zurg, tendo o Quadrante Gama do Setor 4 como cenário, referenciando a “2001, uma odisséia no espaço”, de Stanley Kubrick. Novos presentes, novos medos, novos brinquedos, novos amigos. Desta vez, o Cabeça de Batata ganha uma esposa à altura, a Sra. Cabeça de Batata. “Brinquedos não duram para sempre”, diz-se sobre o rasga na roupa de Woody, o impedindo de acompanhar a criança ao acampamento de férias. A rejeição é o principal problema. Precisam ser os melhores, mesmo já definidos no que já são. A metáfora serve para ilustrar que cada um é o que é, e que precisa usar o máximo para continuar vivenciando plenamente as imitações pré-concebidas. “Você está quebrado, não quero mais brincar com você”, diz Andy. Novos temores são apresentados. A liquidação de brinquedos por 25 centavos e um colecionar que vê em Woody o item raro de sua coleção.

O “inimigo” da vez é externo. Ser o item acima é estar em uma caixa. E nada causa mais tristeza o fato da não existência de crianças. Brinquedos foram criados com o objetivo de realizar a felicidade dos pequenos humanos. Woody descobre que é famoso e uma “propriedade valiosa”. Tem até o seu próprio programa de televisão. Novos amigos: Jesse, a caubói, Bala no Alvo, o cavalo e o Mineiro, o tio fazendeiro. Eles serão vendidos ao Museu de Tokyo, Japão. O “preferido” do Andy não quer decepcioná-los, aceitando a proposta, mas em conflito por causa da sua essência e de seus antigos amigos. Buzz, Cabeça de Batata, Dinossauro e o Cão alargador partem em uma missão: salvar Woody. Na trajetória, encontram novos brinquedos. Uma festa de Barbies diversas. Referencia-se a “Guerra nas estrelas”. A narrativa cria no espectador a tensão e aflição do momento apresentado. E critica o sistema de bagagens dos aeroportos americanos, por causa do descaso e incompetência. Foi a primeira sequência de animação a faturar mais do que o filme original nas bilheterias. Conta ainda (conservando) com a direção de John Lasseter.



A opinião “Toy Story 3”

“Amigo estou aqui, amigo estou aqui, os seus problemas são meus também…”, parte da música que acompanha a trilogia. A terceira e última parte segue pelo mesmo caminho dos anteriores, porém fornece uma atmosfera mais nostálgica. Talvez pelo fato de não haver mais histórias. A mudança do diretor é significativa, assumido por Lee Unkrich. A narrativa comporta-se como de memórias. A trilha sonora continua sendo de Randy Newman. Não há flashbacks, mas a mãe filma os momentos de Andy e assim o período passado (dos outros filmes) é rapidamente resumido. Desta vez, o “dono” está com 17 anos e vai à faculdade. Mudanças precisam ser feitas. Os brinquedos poderão encaminhar-se ao sótão (espera), ao lixo (morte) e a creche – doação - (possibilidade de fazer alegria a outras crianças – menos afortunadas). O crescimento é inevitável. Não há mais tempo para brincadeiras. Os brinquedos estimulam um futuro pré-imaginado, como os filhos dele que poderão brincar, perpetuando a “família”. Woody não consegue a libertação.

O cordão umbilical é forte. As reviravoltas ocasionam novas aventuras. Assim, são encaminhados a terceira opção. Lá, encontram novos brinquedos e perigos, causados por decepções sentimentais. Há o urso do abraço, o bebê gigante e o Ken (da Barbie). “Ficar sem dono é ficar com coração partido”, diz-se. O roteiro busca a racionalidade ingênua e desconhecida deles. Precisam aprender rapidamente sobre a resolução de problemas que nunca viveram. A camera foca nos detalhes – como o chapéu perdido (gerando o sofrimento solidário do espectador), humanizando o abstrato e convertendo na realidade transmitida: a da imagem. Uma nova “dona” entra na história. Essa criança gosta de dirigir espetáculos teatrais, cuidando bem do que tem. De volta a creche, a divisão de hierarquia permanece. Quem antes era um bom sujeito, mostra a verdadeira face e assume a liderança. Assim, excede o poder e impõe regras sádicas e unilaterais. “Ken, brinquedo de menina”, diz-se, tangenciando à inferência de sua opção sexual, chamado “metrossexual”. A dominação aumenta.

E então a revolução necessita acontecer. A solução escolhida é a psicológica. São planos simétricos e organizados. Buzz sofre com a reinicialização (reset). Torna-se a versão demo (básica) e depois um brinquedo espanhol. Hilário e divertido. Há o perdão. O rancor. As consequências dos próprios atos. “O que o faz especial é que ele nunca desiste de você”, diz-se sobre Woody, enaltecendo e confirmando a amizade e o carinho (homenagem e agradecimento). Aguarde até o final dos créditos, há pequenos futuros dos personagens. A peça “Romeu e Julieta”. “Na próxima, encenamos Cats”. Concluindo, um filme que possui todos os elementos existenciais da alma humana. É incrível. O espectador sofre, chora, ri, realiza um balanço de sua vida, pensa no passado e traça o futuro, de forma leve e contundente. Excelente. Vale muito a pena assistir. Recomendo a visualização crescente. Do primeiro ao último. Assim, encontra-se complementação linear. Indicado aos Oscar 2011 na categoria de Melhor Filme.



O Diretor

Lee Edward Unkrich, nasceu em Ohio, Estados Unidos, 8 de Agosto de 1967. É membro antigo da equipe da Pixar, onde ingressou em 1994, contribuindo na edição de (Toy Story) e posteriormente tornando-se diretor, primeiramente co-dirigindo (Toy Story 2, Monsters, Inc. e Finding Nemo) e depois dirigindo (Toy Story 3). Graduou-se pela School of Cinematic Arts da University of Southern California em 1991. Unkrich fez sua estreia como diretor em 1999 como co-diretor do vencedor do Globo de Ouro de melhor filme de comédia ou musical, Toy Story 2. Também co-dirigir Monsters, Inc. e serviu como co-diretor e supervisor de edição do vencedor dos Prêmios da Academia de melhor animação, Finding Nemo. Unkrich também contribuíu com edições para mais dois filmes premiados da Pixar, Cars e Ratatouille (também vencedor dos Prêmios da Academia de melhor animação). Em 2009, Unkrich e seus companheiros de direção da Pixar foram homenageados no 66º Festival Internacional de Veneza com o Leão de Ouro pelos sucessos na animação.